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As propostas de Donald Trump para a imigração

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O plano da nova administração de deportar imigrantes sem documentos que estão casados com residentes e têm filhos que são cidadãos poderá levar novamente à separação de famílias

O Presidente-eleito norte-americano Donald Trump elegeu a imigração como um dos pilares da sua campanha eleitoral e apresentou uma série de propostas para limitar a entrada de estrangeiros e deportar aqueles que não estão legais no país.

O próximo presidente dos Estados Unidos prometeu a maior deportação em massa da história do país e o encerramento das fronteiras, tendo nomeado para “czar da fronteira” o anterior chefe interino da agência de imigração (ICE), Tom Homan.

Analistas e especialistas em imigração apontam que uma deportação em massa terá efeitos devastadores na economia norte-americana. Eis alguns pontos essenciais sobre um dos temas mais críticos no país:

Propostas imediatas após a posse
Donald Trump disse que irá rescindir as políticas de imigração da atual administração de Joe Biden imediatamente após tomar posse como Presidente, a 20 de janeiro de 2025.

Isto inclui cancelar o estatuto legal temporário de cerca de um milhão de imigrantes que fugiram de 17 países em guerra ou colapso generalizado, incluindo Venezuela e Haiti. O TPS – Temporary Protected Status – permite a migrantes trabalharem legalmente no país se um regresso aos países de origem for considerado demasiado perigoso.

O novo Presidente também deverá reinstaurar a política “Remain in Mexico”, que obriga os requerentes de entrada nos Estados Unidos a permanecerem em território mexicano em vez de se entregarem à patrulha de fronteira norte-americana.

Como funcionará a deportação em massa
O número de imigrantes em situação ilegal tem sido estável nas últimas duas décadas. Calcula-se que haja 11,7 milhões de imigrantes sem documentação nos Estados Unidos, o que é ligeiramente inferior ao pico de 12,2 milhões em 2007.

A proposta de Donald Trump é iniciar “a maior deportação em massa” da história do país, ultrapassando o recorde de Barack Obama, o Presidente que mais deportou imigrantes até hoje (1,18 milhões de pessoas).

Tal como Obama, Trump pretende começar pelos imigrantes que cometeram algum tipo de crime e depois alargar para outros, incluindo aqueles que estão no país legalmente com TPS.

O atual chefe da agência ICE, Patrick J. Lechleitner, avisou que um plano desta magnitude apresenta desafios logísticos e financeiros muito elevados.

Tom Homan, que será o próximo “czar” da fronteira, disse que não será necessário construir campos de detenção para levar a cabo a deportação em massa e que as agências envolvidas vão identificar os alvos de forma precisa.

O custo de deportar um imigrante em situação ilegal é de cerca de 11 dólares, pelo que o custo do programa de deportação em massa será de milhares de milhões. Trump disse que o plano não tem limite de preço e será levado em frente independentemente disso.

Economistas avisam para o choque económico de deportar 11 milhões de pessoas que trabalham em áreas como agricultura, pecuária e serviços, a maioria das quais paga impostos.

Política de separação de famílias
Tom Homan foi o arquiteto da política de separação de famílias da primeira administração Trump, que retirou bebés e crianças aos pais que chegaram à fronteira para pedir asilo. A controvérsia levou a medida a ser rescindida em junho de 2018.

O plano da nova administração de deportar imigrantes sem documentos que estão casados com residentes e têm filhos que são cidadãos poderá levar novamente à separação de famílias, uma vez que há 4,5 milhões de lares em que um dos adultos está em situação ilegal.

A alternativa será cidadãos norte-americanos saírem do país juntamente com os seus familiares deportados.

Limites à imigração legal
Stephen Miller, conselheiro de Trump para a imigração e seu novo chefe de gabinete para políticas, disse na semana anterior à eleição que “a América é para os americanos apenas” e defendeu um plano alargado para restringir a imigração legal.

A proposta é restringir o número de vistos de trabalho, como o H-1B, à semelhança do que aconteceu durante a primeira administração Trump, que entre 2018 e 2019 emitiu menos 1,2 milhões de vistos.