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Hip Hop: 50 anos de cultura de rua

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Hip-hop é uma cultura de origem negra que se originou no Bronx, um gueto negro, caribenho e latino-americano em Nova York. O hip-hop nasceu em agosto de 1973, em uma festa de volta às aulas organizada pelos irmãos Kool Herc e Cindy Campbell. Neste evento, Haak desenvolveu uma técnica de improvisação que utilizava dois toca-discos para isolar e repetir as batidas da música, lançando as bases do hip-hop. Isso ficou conhecido como breakbeat.

O hip-hop é geralmente descrito em termos de quatro elementos: break (dança), DJing, MCing e graffiti. As festas que ganharam popularidade como "festas do quarteirão" apresentavam apresentações de MCs chamados "MCs", que rimavam palavras e frases em uma batida de fundo. Inicialmente, o MC era o responsável por apresentar o DJ e animar o público, mas o discurso sincopado deu espaço e fôlego às rimas e nasceu o rap. As pessoas que dançavam ao ritmo ficaram conhecidas como break boys e break girls, ou B-boys e B-girls, para abreviar.

No ano em que comemoramos 50 anos do hip-hop, comemoramos também 40 anos dessa cultura no Brasil. A chegada do hip-hop ao país está ligada a um baile que aconteceu no centro de São Paulo. Foi em 1983 que Nelson Triunfo, dançarino de break e pioneiro do hip-hop brasileiro, começou a dançar nas ruas e a sentir os efeitos da repressão policial durante a ditadura militar.

Os bailarinos mudaram-se para outra sala, no Largo São Bento, perto da estação de metrô. A primeira coletânea de hip-hop do país foi lançada em São Bento, registrando nomes como Taide, DJ Hum, Sharilaine e o grupo O Credo. São Bento é ponto de encontro de B-boys e B-girls, grafiteiros, DJs, MCs, e onde KL Jay e Mano Brown se conheceram e fundaram um dos grupos de rap mais importantes do Brasil, o Lacione MC. KL Jay comentou o que se espera deles: “Só nos EUA é que falamos de polícia, racismo e violência. Aqui no Brasil é alegria e todo mundo quer alegria. Eles nos disseram isso na nossa cara. E dissemos que isso não é possível.”

Mas o hip-hop não é uma cultura que só ocorre em São Paulo. Na década de 80, Porto Alegre, no sul do país, ainda era palco da ascensão do hip-hop. O rapper Gog, conhecido como poeta do rap nacional, enfatiza que “hip-hop é música negra”, e que o grande sucesso dessa cultura no Brasil se deve ao fato de que eles captam o a complexidade no que as pessoas dizem. Rincon Sapiencia, uma das principais figuras da cultura hip-hop moderna, diz: “É por isso que o hip-hop sempre teve em conta aqueles que são menos ouvidos e menos representados.”

O DJ, ator/mestre de cerimônias e pesquisador Eugenio Lima vê o hip-hop como uma tecnologia de pensamento. Porque lhe dá a oportunidade, a oportunidade, a oportunidade de ter o direito divino de contar a sua própria história. “Rima sua própria vida.“

Em junho, representantes do hip-hop de vários estados participaram de uma marcha em Brasília exigindo o reconhecimento como patrimônio cultural e imaterial do país. O grupo “Construindo uma Nação de Cultura Hip-Hop” está preparando uma lei para reconhecer e promover esta cultura. O rapper Rafa Rahuaj disse que a assinatura do documento permitiria que os recursos fluíssem diretamente para a periferia, dizendo: “O que estamos fazendo é aproveitar nossa experiência de viver e viver na periferia, e o que estamos fazendo hoje”.