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Terapia hormonal e demência: o que sabemos?

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O estrogênio exerce efeitos neuroprotetores no cérebro, e a redução do estrogênio endógeno após a menopausa aumenta o risco de as mulheres evoluírem com a doença de Alzheimer, doença cerebrovascular ou ambas.

No entanto, há um debate sobre se a reposição de estrogênio — com ou sem progesterona — é neuroprotetora ou se pode de fato aumentar o risco de doença de Alzheimer e outras demências.

“A pesquisa sobre terapia hormonal está em andamento há décadas, mas seus achados não foram esclarecedores”, explicou ao Medscape a Dra. Yuko Hara, Ph.D., diretora de envelhecimento e prevenção de Alzheimer na Alzheimer's Drug Discovery Foundation.

A Dra. Yuko disse que iniciar a terapia hormonal “muitos anos após a menopausa pode prejudicar a função cognitiva e aumentar o risco de demência”. No entanto, a evidência “é mais limitada e mista para os efeitos da terapia hormonal na saúde cognitiva quando iniciada no período precoce pós-menopausa, com estudos encontrando efeitos positivos, negativos e nulos na função cognitiva”.

Janela crítica de tempo?
Na Conferência Internacional sobre Nutrição em Medicina, realizada nos Estados Unidos em agosto de 2024, patrocinada pelo Physicians Committee for Responsible Medicine, a Dra. Amani Meaidi, Ph.D., médica do Danish Cancer Institute, na Dinamarca, alertou sobre possíveis riscos elevados de demência associados à terapia hormonal.

Reconhecendo o efeito deletério das ondas de calor na qualidade de vida em mulheres na perimenopausa, a Dra. Amani afirmou que a terapia hormonal é eficaz em aliviar esses sintomas debilitantes. Contudo, questionou: isso tem um preço, particularmente quando se trata de demência ou doença de Alzheimer?

A Dra. Amani revisou a evolução das abordagens para analisar essa questão. Estudos iniciais sugeriram que a reposição de estrogênio poderia reduzir ou pelo menos retardar o risco de doença de Alzheimer, embora não melhorasse um quadro já existente. Essa perspectiva mudou ao longo do tempo, à medida que mais dados surgiram.

O Cache County Study, por exemplo, constatou que o uso anterior de terapia hormonal estava associado a um risco reduzido de doença de Alzheimer, mas esse benefício foi encontrado apenas quando a terapia se estendeu por mais de 10 anos. Isso pode refletir o efeito da terapia hormonal iniciada logo após a menopausa, em vez de mais tarde, originando o conceito de “janela de tempo limitada”.

Em 2003, um subestudo do Women's Health Initiative Memory Study (WHIMS), envolvendo mais de 4 mil mulheres com idade ≥ 65 anos, encontrou um risco maior de demência associado ao uso de terapia hormonal em comparação ao placebo. "Desde então, temos tentado mapear o perfil de segurança da terapia hormonal quando se trata de proteção versus risco", explicou a Dra.