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Biografia diz que o músico Hermeto Pascoal chegou a lutar boxe com Miles Davis

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Homem-orquestra, o multi-instrumentista alagoano brilhou ao lado de Elis Regina, Airto Moreira e muitos outros. E, claro, brilha sozinho

Há alguns anos, eu e Candice Marques de Lima, parça de viagens e tertúlias literárias, nos encontramos com Hermeto Pascoal, o multi-instrumentista, no Aeroporto de Guarulhos. Gentilmente, com aquele jeitão de quem está vendo nada e sentindo tudo, o músico fez uma fotografia com Candice.

Hermeto Pascoal, de 88 anos, é um dos gênios da música brasileira. Um músico que faz tudo e mais um pouco, sempre surpreendendo a plateia e, acredito, a si mesmo. Se fosse americano ou francês, seu apelido seria Deus da Música, barão de Pascoal.

Será verdade que o homem-orquestra Pascoal compõe seis músicas por dia e que já compôs mais de 10 mil? Quando se trata do alagoano arretado, conterrâneo de Graciliano Ramos, não se pode duvidar de nada. Porque seu nome é música.

Um verdadeiro ÁS da música brasileira — capaz de transformar um garfo num instrumento musical —, Hermeto Pascoal brilhou, no início de sua carreira, no Festival de MPB da TV Record, com Edu Lobo e Marília Medalha. Era integrante do Quarteto Novo, ao lado de Heraldo do Monte, Theo de Barros e Airto Moreira.

Em 1972, no Festival Internacional da Canção da TV Globo, assustou todo mundo ao levar um porco (ou mais de um porco). Ele se apresentou com a grande dama Alaíde Costa. Os porcos, infelizmente, não puderam guinchar: oinc oinc, iiihhh.

Disseram que Hermeto Pascoal e Elis Regina não se davam. Pois a biografia “Quebra Tudo! A Arte Livre de Hermeto Pascoal” (Kuarup, 208 páginas), de Vitor Nuzzi, conta outra história. Eles foram parceiros no Festival de Montreux, na Suíça, e se deram bem. Porque o instrumentista deve ter percebido, de cara, que a Pimentinha usava a voz como um poderoso instrumento musical. Gênios podem ter uma encrenquinha aqui e ali, mas logo se entendem. Se entendem por música, por assim dizer.

“‘Bruxo’ e ‘Campeão’ são alguns dos apelidos que Hermeto Pascoal ganhou ao longo de sua trajetória. Difícil mesmo é precisar quantos anos tem essa trajetória, porque ele mesmo diz que já ‘nasceu’ música. Por essa conta, já são quase 88 anos de som, que não deve terminar tão cedo.

“Resultado de mais de 50 entrevistas e anos de pesquisa, o livro ‘Quebra Tudo — A Arte Livre de Hermeto Pascoal”, do jornalista paulistano Vitor Nuzzi, autor de ‘Geraldo Vandré — Uma Canção Interrompida”, conta um pouco da história e das histórias protagonizadas pelo artista de Lagoa da Canoa, na região de Arapiraca, em Alagoas. A obra lançada pela gravadora, produtora e editora Kuarup tem prefácio do pesquisador Tárik de Souza e posfácio do professor Paulo Tiné.